Marx e Nietzsche: o ser humano, o mundo e a história

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Três conceitos centrais para a filosofia são: o ser humano, o mundo e a história. Eles são discutidos desde a origem da filosofia e até hoje geram debates acalorados. Dois grandes teóricos que tratam desses três conceitos de maneiras diferentes são Marx e Nietzsche. Nicola Abbagnano, na sua obra A sabedoria da Filosofia, apresenta sucintamente essa diferença.

Primeira diferença: “o ser humano”

Para Marx, o homem se constitui essencialmente pelas relações de “produção” (modos de produção: escravidão, feudalismo, capitalismo e comunismo) e “trabalho” (exteriorização do ser; nos diferencia dos animais), e como tais relações variam historicamente com o desenvolvimento da sociedade, o homem é “um ser social” e tudo aquilo que pensa ou faz é manifestação ou afirmação da vida social.

Já para Nietzsche o homem é essencialmente energia vital, vontade de potência (principal força motriz nos seres humanos: é a realização, a ambição, o esforço, o expandir-se, o dominar, o criar valores e dar sentidos próprios), individualidade irredutível, à qual os limites e imposições da sociedade permanecem estranhos, à semelhança de máscaras de que pode e deve livrar-se.

Parece que Nietzsche e Marx concordam com a materialidade, com a corporeidade do homem. Mas, para Marx, essa corporeidade é sujeição às necessidades e ao trabalho para satisfazê-las; para Nietzsche, em contrapartida, é a jubilosa explosão da energia vital, a ativa experiência dos valores que a subtraem ao niilismo da renúncia.

Segunda diferença: “o mundo”

Para Marx (e principalmente para Friedrich Engels), o mundo em que o homem vive é um todo orgânico perfeitamente ordenado, governado por leis necessitantes, que Engels considerava de natureza “dialética”.

Para Nietzsche, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele as coisas “dançam nos pés do acaso”; somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.
Terceira diferença: “a história”

Para Marx, a história é dominada pela estrutura econômica da sociedade, e todas as modificações que aí ocorrem se devem às mudanças de tais estruturas. Por isso, “o modo de produção da vida material condiciona, em termos genéricos, o processo social, político e espiritual da vida” (a infraestrutura condiciona a superestrutura). A história é processo necessário que terá como etapa derradeira a inevitável transformação da sociedade capitalista em sociedade comunista. Só resta aos homens adaptar-se ao movimento da história, favorecê-lo e trabalhar neste sentido. Qualquer tentativa contrária seria inútil.

Para Nietzsche, a história é feita pelos indivíduos superiores, que sabem compreender as razões do passado e antecipar as do futuro; pelos senhores e legisladores, para os quais conhecer equivale a criar, o criar a legislar, o querer a verdade a querer o poder. Nietzsche propõe formas nas quais a história possa ser utilizada para promover a vida e não paralisá-la, ou seja, para estimular as produções culturais e não cristalizá-las. A história é um círculo fechado que se repete eternamente com seus episódios e acontecimentos, com suas desordens e seus males. Diante de tudo isso, só resta ao homem duas atitudes: a negação, ou seja, o pessimismo e o niilismo; e a afirmação, ou seja, a alegre aceitação do mundo tal qual é, com todos os seus aspectos. Mas somente são capazes desta segunda atitude aqueles indivíduos excepcionais que não se deixam abater ou desviar pelas circunstâncias.

Referência Bibliográfica

A sabedoria da Filosofia, de Nicola Abbagnano

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A fábula dos três operários

Uma das motivações de muitas pessoas que procuram a filosofia é refletir sobre o sentido da vida. Essa motivação busca responder às perguntas: como viver melhor?

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“Compreender o que é, esta é a tarefa da filosofia, pois o que não é, é a razão.”
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