Hipátia de Alexandria, uma mulher entre os homens

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Hipátia de Alexandria foi uma filósofa, matemática e astrônoma do final do século IV e início do século V, considerada uma das primeiras mulheres a fazer contribuições significativas para a filosofia e a ciência. Embora muitos de seus trabalhos tenham sido perdidos ao longo dos séculos, podemos identificar algumas ideias filosóficas importantes associadas a ela:

1) Neoplatonismo: ela ensinou e desenvolveu conceitos neoplatônicos, como a “hierarquia dos seres” e a “busca pela unidade com o Uno”, a fonte de toda a realidade.

2) Filosofia Moral: ela enfatizou a importância da virtude e da sabedoria na vida humana. Ela se concentrou em como viver uma vida virtuosa e alcançar a excelência moral.

3) Educação e Ensino: Hipátia era conhecida por sua atuação como professora e palestrante. Ela valorizava a educação e a busca pelo conhecimento como meios de aprimorar a mente e o caráter. Sua abordagem ao ensino enfatizou a importância do pensamento crítico e da reflexão.

4) Sincretismo: Hipátia estava envolvida em um contexto cultural diversificado, onde diferentes tradições religiosas e filosóficas se cruzavam. Ela trabalhou na síntese de ideias provenientes de várias tradições, promovendo um diálogo interdisciplinar e intercultural.

5) Empoderamento Feminino: Hipátia é frequentemente citada como um exemplo de uma mulher que desafiou as limitações sociais e se destacou em um campo dominado por homens. Sua vida e trabalho podem ter contribuído para inspirar outras mulheres a buscar o conhecimento e a excelência intelectual.

Três teses atribuídas a Hipátia são:

1) “Compreender as coisas que nos rodeiam é a melhor forma para compreender o que está mais além”: esse pensamento com base naturalista nos convida a observar a natureza e observar o que é imanente para, assim, compreender o que está além, o metafísico.

2) “Todas as religiões dogmáticas são falaciosas e não devem ser aceitas por uma questão de autorrespeito”: aqui temos uma ética não apenas do respeito aos outros, mas também do autorrespeito; não devemos aceitar falácias; as religiões que não permitem que possamos conversar sobre questões religiosas e são, assim, autoritárias, não devem ser aceitas por uma questão de honestidade intelectual; não devemos aceitar dogma algum.

3) “Reserve o seu direito a pensar, pois mesmo errado é melhor do que não pensar”: aqui temos um forma de iluminismo, pois devemos sempre pensar por conta própria, mesmo errando, pois isso é melhor do que seguir de forma cega doutrinas dogmáticas ou viver na ignorância por não pensar. Ela nos convida a sermos Filósofos.

Hipátia de Alexandria foi uma figura notável da antiguidade que desempenhou um papel crucial na preservação e transmissão do conhecimento clássico durante um período de transição histórica.

Sua influência intelectual perdura até os dias de hoje. Hipátia não apenas contribuiu para o desenvolvimento da matemática e da filosofia, mas também desafiou as normas sociais de sua época ao se destacar em um mundo dominado por homens.

Sua trágica morte em 415 d.C. simboliza a luta entre o conhecimento e a intolerância, destacando a importância de proteger e valorizar o pensamento livre e a igualdade de gênero na busca do progresso humano.

Em um vídeo para o meu canal do YouTube, falo mais sobre Hipátia de Alexandria! Se quiser saber mais sobre essa filósofa inspiradora, clique aqui para assistir.

Referências Bibliográficas

A Biblioteca de Alexandria: as Histórias da Maior Biblioteca da Antiguidade, de Derek Adie Flower

Filósofas: O legado das mulheres na história do pensamento mundial, de Natasha Hennemann e Fabiana Lessa

Hipátia de Alexandria: a Matemática, Astrônoma e Filósofa Lendária, de Lindamir Salete Casagrande

História das mulheres – livro 1: a antiguidade, de Geroges Duby e Michelle Perrot

Hypatia: The Life and Legend of an Ancient Philosopher, de Edward J Watts

Maneiras trágicas de matar uma mulher: imaginário da Grécia antiga, de Nicole Loraux

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