O que são paradigmas?

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email

Muito se fala hoje sobre paradigmas. Paradigma é algo que serve como modelo, como exemplo, como padrão e ele estabelece limites. Imagine que o paradigma é uma lente de óculos, por meio da qual você enxerga o mundo de um determinado modo. Sem a lente apropriada, a imagem ficaria distorcida. Por isso, os paradigmas são fundamentais para ordenar os fenômenos e nos situar na realidade.

Thomas Kuhn (1922-1996), autor da obra A Estrutura das Revoluções Científicas, de 1962, diz que paradigma é uma estrutura mental composta por teorias, experiências e métodos que serve para organizar a realidade e seus eventos no pensamento humano e eles são compartilhados pelos indivíduos de uma determinada comunidade científica. Ou seja, a partir do momento que um conjunto de crenças, valores e técnicas são aceitos por todos em um grupo de cientistas, ele se torna um paradigma.

Segundo Kuhn, os cientistas, normalmente, procuram resolver os problemas e desenvolver o potencial de suas teorias e, assim, comprovar que estão corretas e conforme ao paradigma vigente. Mesmo que encontrem alguns casos ou provas falseadoras, custam a abandonar suas teorias. Os fatos, provas e casos novos que conflitam com as teorias vigentes do paradigma tendem a ser ignorados por eles, pois acreditam fortemente que o seu paradigma tem a resposta para os problemas levantados. Somente em casos críticos, quando os problemas se acumulam e viram anomalias (momentos de crise/revolução), é que podem abandonar uma teoria (o paradigma) e a substituir por outra melhor.

Os cientistas mudam de paradigma, abandonando-o, apenas quando o novo que surgir for mais forte, não contendo as falhas do anterior e dando-lhes maiores possibilidades explicativas. Em geral, quem funda um novo paradigma são pessoas de fora, isto é, pertencem a outra área de conhecimento. Os cientistas aderem por conversão ou persuasão ao que consideram ser o melhor paradigma para continuar a fazer ciência. O quadro da progressão da ciência pode ser assim descrito: Pré-ciência – ciência normal (paradigma) – crise-revolução – nova ciência normal (paradigma).

Podemos resumir o pensamento de Kuhn a partir dos cinco pontos seguintes:

1. A ciência se desenvolve a partir de descobertas da comunidade científica (e não individual) e se constitui através da aceitação de paradigmas (métodos e visões de mundo; padrão, um modelo, uma regra que estabelece limites). A ciência é um produto histórico;

2. O paradigma é o campo no qual a CIÊNCIA NORMAL trabalha, sem crise. Fazer ciência normal significa resolver QUEBRA-CABEÇA, isto é, problemas definidos pelo paradigma. A ciência normal é cumulativa. Insucessos na resolução do quebra-cabeça é um insucesso do pesquisador e não do paradigma;

3. As anomalias são problemas que a comunidade científica tem de enfrentar e que determina a CRISE do paradigma. Com a crise inicia-se o período da ciência extraordinária. Para solucionar anomalias pontuais utiliza-se hipóteses ad hoc;

4. As REVOLUÇÕES são momentos de ruptura e de criação de novas teorias. A mudança de paradigmas pode ser comparada a mudança gestáltica. É um período não-cumulativo;

5. Após, surge uma NOVA CIÊNCIA NORMAL. A ciência não caminha numa via linear, contínua e progressiva, mas por saltos e revoluções. A evolução da ciência é ateleológica.

Referência Bibliográfica

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 1987.

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email

Liberalismo Político em Rawls

Na obra O Liberalismo Político, de 1993, Rawls revisa várias posições defendidas na obra Uma teoria da justiça. Na obra de 1993, Rawls trata da “concepção política

Quer aprender sobre filosofia de modo gratuito? Assine minha newsletter.

Seus dados estão seguros.

“As ciências conhecem – mas o filósofo pergunta o que é o conhecimento; as ciências estabelecem leis – mas o filósofo questiona o que é lei.”
Józef Bocheński